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Jato que caiu em San Diego pode ter atingido fios de energia antes do pouso 39363n

O acidente aéreo ocorrido nesta quinta-feira (22) em San Diego, Califórnia, pode ter sido provocado por uma colisão com linhas de transmissão de energia elétrica. 312c5d

A aeronave envolvida foi um jato executivo Cessna Citation II, de matrícula N666DS, que caiu pouco antes do pouso no Aeroporto Executivo Montgomery, durante a madrugada. O avião havia decolado de Nova York na noite anterior, realizou uma parada para reabastecimento no Kansas e seguiu para a Califórnia, em uma viagem de mais de sete horas que atravessou toda a noite.

A bordo estavam membros de uma gravadora e agência musical, além da tripulação. Todos os seis ocupantes morreram com o impacto, e algumas pessoas em solo sofreram ferimentos leves. O combustível da aeronave se espalhou pelas ruas, exigindo a atuação dos bombeiros para conter o risco de incêndio. Ao todo, 15 residências foram atingidas pela aeronave ou pelos destroços.

Dados preliminares do radar ADS-B indicam que o jato voava abaixo da altitude mínima prevista no procedimento de aproximação por instrumentos. A informação foi destacada pelo comandante Juan Browne, conhecido como “Blancolirio“, piloto de Boeing 777 e ex-oficial da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), onde atuou como piloto de caça e investigador de acidentes militares.

Segundo Browne, o avião estava cerca de 60 metros abaixo da altitude ideal a 2,9 milhas náuticas (aproximadamente 5,3 km) da cabeceira da pista. O último ponto de contato ADS-B indicava que o jato estava abaixo da altitude mínima para decisão (MDA), ponto em que o piloto deve avistar a pista ou realizar a arremetida obrigatória.

carros queimados por acidente aéreo

Outro fator relevante foi a ausência de operação da torre de controle, que estava fechada devido ao horário. O tráfego aéreo estava sendo coordenado pela torre da Estação Aeronaval de Miramar, base dos Fuzileiros Navais localizada ao norte. Essa base, famosa por ter aparecido no primeiro filme “Top Gun”, registrava visibilidade de apenas meia milha (800 metros), assim como o Aeroporto de Gillespie Field, situado mais a oeste.

Curiosamente, traçando-se uma linha entre Miramar e Gillespie Field, a interseção forma um ponto próximo a Montgomery, cujo sistema automático de informações meteorológicas (AWOS) estava fora de operação no momento do acidente.

O procedimento por instrumentos publicado para o Aeroporto Executivo Montgomery exige visibilidade mínima de três quartos de milha (cerca de 1.200 metros) para que a aproximação seja realizada com segurança.

Na gravação da conversa entre o piloto e o controle militar, é possível ouvir diversas perguntas relacionadas às condições meteorológicas antes do início da aproximação. Inclusive, foi cogitada a possibilidade de desviar o voo para outro aeroporto.

Blancolirio comentou: “Com todas as probabilidades contra você: um longo e cansativo voo transcontinental, seguido por uma aproximação por instrumentos em meio às condições nebulosas da camada marinha, nas primeiras horas da manhã em San Diego, com a torre de controle fechada, o AWOS quebrado, e você sem saber ao certo as condições meteorológicas da aproximação que está fazendo. São variáveis demais jogando contra.”

O caso está sendo investigado pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), e um relatório preliminar deve ser divulgado até 22 de junho.

Nota do Editor: Apesar de ter clima predominantemente bom ao longo do ano, San Diego enfrenta o fenômeno conhecido na região como “May Gray” durante o mês de maio, caracterizado por céu nublado, chuvas frequentes, alagamentos pontuais e impactos operacionais na aviação. A região é um polo aeronáutica, com intensa movimentação civil, militar e próxima à fronteira com o México, mas que tem um certo histórico ruim de acidentes aeronáuticos, principalmente causado pelo terreno mais montanhoso quando comparado ao de Los Angeles por exemplo, e também pela intensa atividade aérea.