
A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) anunciou que suspendeu suas operações nas rotas intercontinentais para Lisboa, além das regionais para Lusaka e Harare, devido a uma revisão financeira. A empresa registrou um prejuízo acumulado que supera a marca de US$ 21,3 milhões.
Durante uma coletiva de imprensa realizada em Maputo no dia 18 de fevereiro, o porta-voz da companhia, Alfredo Cossa, detalhou as razões por trás dessa difícil decisão.
De acordo com Cossa, a rota para Lisboa, reintroduzida em dezembro de 2023 após uma pausa de 13 anos, vinha apresentando resultados financeiros desastrosos, com um rombo estimado em US$ 21 milhões.
Este trajeto, que utilizava uma aeronave Boeing 767-300ER, foi operado em regime de leasing pela euroAtlantic Airways, mas enfrentou sérios problemas de atrasos e cancelamentos nas últimas semanas, possivelmente devido a débitos atrasados.
A reabertura da rota foi marcada por tarifas promocionais substancialmente reduzidas, sob a supervisão da Fly Modern Ark, empresa que assumiu a gestão da LAM em abril de 2023.
“Estávamos sustentando essa rota com recursos do mercado doméstico, mas agora não conseguimos mais”, afirmou Cossa, destacando a insustentabilidade financeira do serviço.
A decisão de cancelar as rotas internacionais, que já vinham sendo analisadas por meses, visa a um reposicionamento estratégico da companhia diante das dificuldades crescentes. Em novembro de 2024, o ex-CEO Americo Muchanga já havia ressaltado que a operação do serviço intercontinental comprometia a saúde financeira da empresa.
Além disso, os voos para Lusaka e Harare, que eram operados pela subsidiária MEX – Moçambique Expresso, acumulavam um prejuízo de US$ 307 mil. A última operação dessas rotas ocorreu em janeiro, e a decisão de encerrá-las foi parte de esforços de reestruturação para restaurar a lucratividade.
Diante do cenário desafiador, LAM está reorientando suas operações, concentrando-se em rotas domésticas mais rentáveis.
Cossa enfatizou que essa suspensão é uma estratégia para melhorar a eficiência da gestão e a sustentabilidade financeira da empresa, que tem enfrentado dificuldades adicionais devido ao aumento dos custos operacionais e à diminuição da demanda por voos internacionais.
Em resposta à situação crítica, o governo moçambicano está se preparando para vender 91% de suas ações na LAM, visando atrair empresas públicas que possam revitalizar financeiramente a companhia.
Além disso, a istração lançou uma licitação internacional para renovação da frota, convidando 14 empresas a apresentar propostas financeiras para aquisição de novas aeronaves, incluindo três Embraer E190 e quatro Boeing 737-700.