
Após o pouso forçado de um Sukhoi Superjet 100 (SJ-100) em Antalya, na Turquia, em novembro ado, autoridades russas iniciaram uma investigação sobre a Azimuth Airlines, revelando informações alarmantes sobre outros incidentes.
Embora ninguém tenha se ferido, as imagens do incidente são impactantes. Durante o pouso em Antalya, o motor esquerdo pegou fogo, forçando os ocupantes a evacuar a aeronave por escorregadores de emergência.
No entanto, mais preocupantes que as imagens foram os resultados das investigações conduzidas após o acidente com o avião de matrícula RA-89085.
De acordo com as autoridades de aviação Rosaviatsiya e Gosavianadzor, responsáveis pela segurança aérea na Rússia, a Azimuth Airlines registrou, só neste ano, 24 incidentes, sendo mais de dois terços causados por falhas técnicas.
Além disso, cerca de 150 outros eventos relacionados a problemas técnicos foram registrados, embora não classificados como incidentes. Esses incluíram decolagens abortadas, pousos alternativos e interrupções de voo, informou o aeroTELEGRAPH.
Os números reportados são apenas os conhecidos pelas autoridades. Inspeções revelaram mais de 20 violações relacionadas à manutenção da aeronavegabilidade, à organização do trabalho aéreo e ao sistema de gerenciamento de segurança operacional da Azimuth Airlines, informou a Rosaviatsiya. Além disso, a companhia teria ocultado recorrentes pousos duros, capazes de causar danos estruturais às aeronaves.
Dois Superjet 100 continuaram operando mesmo após a identificação de pelo menos dez falhas estruturais. Em cinco pousos, a força de impacto ultraou 2g — o normal em voos regulares é 1,5 g. Em 12% das aterrissagens, as aeronaves tocaram o solo, voltaram a decolar momentaneamente e colidiram novamente com a pista.
Após esses pousos duros, a Azimuth Airlines nem sempre inspecionou suas aeronaves adequadamente, tampouco notificou os incidentes às autoridades. Um caso específico chamou atenção: após um pouso brusco no voo de Ufa para Astrakhan, na Rússia, em 15 de julho, forças de 2,42 g foram registradas. Mesmo assim, a aeronave realizou cinco voos subsequentes sem inspeções.
As investigações também revelaram manutenção inadequada. Em pelo menos dez casos, reparos foram realizados com ferramentas não certificadas. Há ainda indícios de falsificação de documentos de manutenção.
A companhia não conseguiu monitorar as manutenções de forma eficiente ou garantir o controle de qualidade. Um exemplo é a falta de inspeções nas fixações dos parafusos dos para-brisas em toda a frota de 20 Superjet 100.
Problemas também foram identificados nos turnos dos funcionários. Exames médicos obrigatórios foram negligenciados, e os horários de trabalho não foram devidamente controlados.
Diante das infrações identificadas, as autoridades exigiram que a liderança da companhia apresentasse medidas corretivas, algumas das quais já teriam sido implementadas durante as investigações.
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