
Em seu primeiro posicionamento após o anúncio da junção da Azul com a controladora da GOL, o Abra Group, o CEO da LATAM citou uma certa incoerência por parte de sua concorrente.
Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil, foi bem cauteloso ao falar sobre os impactos na sua companhia sobre a fusão da Azul e da Abra, que por consequência colocaria a GOL numa operação conjunta, deixando a LATAM com apenas um único concorrente, porém mais forte.
O executivo destacou que é necessário esperar para saber como será na prática os efeitos da junção e como o CADE lidará com o processo, principalmente na questão das compensações para o mercado que as duas empresas deverão fazer, visando combater o monopólio.
Na entrevista ao jornal O Globo, Cadier também destaca como a Azul usou o argumento de mais concorrência para conseguir slots em Congonhas, mas que agora adota um discurso totalmente oposto.
“Teve uma briga gigante por espaço em Congonhas na época da crise da Avianca Brasil (Oceanair). A própria Azul falou que tinha pouca concorrência e que precisava de um terceiro player. Por que o argumento funcionava lá atrás e não funciona mais agora? Se precisava ter um terceiro player, por que agora não precisa mais? Essa é uma pergunta para se fazer. Congonhas é mais complexo porque é um aeroporto com uma utilização praticamente máxima dos slots“, aponta o CEO.
A cessão de slots costuma ser uma das maneiras mais práticas e utilizadas por agentes reguladores para aprovar a fusão de companhias aéreas. Recentemente, foi um dos motivos da Iberia, através do grupo IAG, desistir da compra da Air Europa, já que teria que ceder muito espaço (na visão da aérea espanhola) no Aeroporto Barajas, em Madri.
“Mas vai ter que ser olhado junto com Confins, Guarulhos, Recife. E daqui a pouco vai ter um aumento de capacidade em Congonhas, quando a obra do terminal ficar pronta. Hoje tem uma regra que ninguém pode ter mais de 45% em Congonhas. Foi a regra criada para gerar mais concorrência na época em que Azul fez um movimento grande para entrar em Congonhas“, conclui Jerome.