
A Azul Linhas Aéreas Brasileiras tem “vendido” otimismo em relação aos benefícios de uma potencial fusão com sua concorrente GOL, detalhando para investidores as principais vantagens que vê tanto para os consumidores quanto para o mercado aéreo brasileiro.
Durante uma teleconferência sobre os resultados financeiros de 24 de fevereiro, o presidente da Azul, Abhi Shah, afirmou que a baixa sobreposição entre as redes de rotas das duas companhias é um “motor chave” para o crescimento futuro.
Com o objetivo de servir 200 cidades no Brasil, Shah mencionou que a combinação das malhas aéreas complementares poderia impulsionar o desempenho e a competitividade da empresa em nível global.
Em janeiro de 2025, um memorando de entendimento não vinculativo foi estabelecido entre a Azul e a Abra Group, controladora da GOL, referente à fusão de suas operações no mercado de aviação brasileiro, mantendo, no entanto, separados os certificados de operação das duas companhias.
A transação está sujeita a aprovações regulamentares e ao cumprimento das condições habituais para a conclusão do processo de recuperação judicial da GOL, que deve ser finalizado em maio. A concorrente Latam, no entanto, está desafiando a fusão, em consonância com analistas, que não veem com bons olhos uma concentração tão grande de mercado.
Atualmente, a GOL opera uma frota exclusivamente de Boeing 737, com previsão de atingir 140 aeronaves até o final de 2025. Por outro lado, a Azul possui uma frota diversificada, que inclui modelos da família Airbus A320neo e A330, além de Embraer E195, E195-E2 e ATR 72-600, com uma previsão de terminar 2024 com 181 aeronaves operacionais.
Para 2025, a Azul espera que as entregas sejam compostas exclusivamente por E2, mantendo 46 unidades em ordem.
Shah enfatizou que o foco da companhia será no E2, enquanto a área de aviação enfrenta desafios contínuos com os fabricantes de equipamentos originais (OEM). O CEO da Azul também mencionou a previsão de crescimento da capacidade em 10-12% em 2025, principalmente impulsionada por operações internacionais.
Entre os desafios enfrentados no ano anterior, a Azul destacou o fechamento de seis meses do aeroporto de Porto Alegre devido a inundações significativas, além da desvalorização da moeda local e preços elevados de combustível. Apesar disso, a companhia registrou um EBITDA anual de R$ 6 bilhões (US$ 1 bilhão) em 2024, um aumento de 16,4% em relação ao ano anterior.
Azul também não forneceu orientações específicas para o primeiro trimestre de 2025, mas reafirmou sua expectativa de um EBITDA recorde de R$ 7,4 bilhões para o ano, projetando um crescimento contínuo das receitas. No quarto trimestre de 2024, a empresa registrou uma receita operacional de R$ 5,5 bilhões, um aumento de 10,2%, enquanto enfrentava uma perda líquida de R$ 3,9 bilhões, em comparação a um lucro líquido de R$ 403,3 milhões no ano anterior.
A diversificação das unidades de negócios da Azul também contribuiu significativamente para a receita, com seu programa de fidelidade e negócios de férias apresentando aumentos substanciais. Com mais de R$ 1,6 bilhão em dívidas eliminadas e uma reestruturação de balanço que melhorou a geração de caixa, Azul está posicionada para executar um plano de expansão de margens e gerar fluxo de caixa positivo.
Diferentemente de outras companhias aéreas que buscaram recuperação judicial durante a pandemia, como a LATAM, a Azul não optou por esse caminho. “Os resultados comprovam a força e singularidade do nosso modelo de negócios, superando muitos desafios externos”, concluiu Rodgerson.
A combinação das operações da Azul e da GOL, se concretizada, poderá representar uma mudança significativa no panorama da aviação no Brasil. Se isso vai ampliar as opções e a eficiência para os consumidores, há questionamentos, pois concentração de mercado nem sempre representa facilidades.