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Boeing e NASA concluem testes iniciais em túnel de vento usando miniatura do avião X-66 4i1f60

A Boeing e a NASA anunciaram a conclusão de dois testes iniciais em túnel de vento utilizando modelos em pequena escala do X-66, um demonstrador em desenvolvimento com asas truss-braced. 3b6m1q

Este marco foi revelado pela Boeing no dia 4 de março, destacando que os testes aproximam a equipe da validação da viabilidade tecnológica de um design que, segundo a empresa e a NASA, pode permitir que os jatos comerciais do futuro queimem significativamente menos combustível.

Os testes foram realizados com um modelo do X-66 com envergadura de 1,8 metros (6 pés) no Centro de Pesquisa Langley da NASA, na Virgínia. Durante esses ensaios, foram avaliadas forças como sustentação e arrasto em diversas configurações aerodinâmicas e condições de voo.

Além disso, a equipe completou estudos em túnel de vento de alta velocidade no Centro de Pesquisa Ames da NASA, na Califórnia, usando um modelo “semi-span” do X-66, que representa um lado da aeronave, como se tivesse sido cortada ao meio longitudinalmente.

De acordo com a Boeing, “este teste replicou as condições de voo esperadas para obter informações de engenharia que influenciam o design da asa e fornecem dados para simuladores de voo”. A empresa acrescentou que os dados coletados nesses testes ajudaram a promover ajustes de design necessários antes de avançar para testes adicionais.

Enquanto isso, a Boeing e a NASA continuam a realizar testes em túnel de vento de um modelo em escala real do X-66 no site da NASA em Ames. O desenvolvimento do X-66 faz parte do projeto Sustainable Flight Demonstrator da NASA, e ambos os parceiros almejam realizar o primeiro voo em 2028.

Para este ano fiscal, a NASA tem como objetivo completar a revisão preliminar de design de nível de sistema do X-66 e determinar se o programa é suficientemente maduro para transitar para a primeira fase de desenvolvimento real, de acordo com documentos orçamentários da NASA.

Além disso, a Boeing também informou que começou a desmontar um avião MD-90, que pretende modificar para se tornar o demonstrador do X-66.

O recurso mais notável do X-66 será suas asas truss-braced, que são muito mais longas que as asas tradicionais. Isso resulta em uma maior relação de aspecto (que denota a relação entre a envergadura da asa e sua área) e menos arrasto, favorecendo a eficiência. Contudo, como as asas serão feitas de materiais compostos, sua extensão exige es truss.

Esse design, no entanto, não é isento de desafios. As longas asas flexíveis podem enfrentar problemas de aeroelasticidade – podendo se curvar e distorcer durante o voo, aumentando o arrasto e potencialmente provocando flutter.

Apesar disso, a NASA estima que as asas truss-braced poderiam tornar um futuro jato narrowbody 10% mais eficiente que os aviões atuais, com outros avanços tecnológicos trazendo um potencial total de ganho de eficiência de até 30%.

Embora os progressos do X-66 estejam em andamento, a Boeing ainda não se comprometeu a desenvolver um jato de ageiros com asas truss-braced, apesar do otimismo do ex-CEO da empresa, David Calhoun, sobre o potencial do design.

No entanto, alguns analistas permanecem céticos, questionando a viabilidade do design e se a Boeing, enfrentando desafios financeiros e operacionais, estaria disposta a arriscar a diversificação de projetos tradicionais em favor de um conceito novo e complexo.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.