
As negociações entre a Boeing e o principal sindicato de seus funcionários foram abruptamente interrompidas, e a empresa anunciou que não há previsões para futuras reuniões enquanto a greve, que já dura quatro semanas, continua a ter impactos financeiros significativos.
Como informa a Reuters, a Boeing decidiu retirar sua oferta salarial para aproximadamente 33.000 trabalhadores, conforme a empresa alegou que o sindicato não considerou seriamente suas propostas após dois dias de diálogos.
Stephanie Pope, chefe da Boeing Commercial Airplanes, expressou sua frustração em nota aos funcionários, destacando que as demandas do sindicato eram “inegociáveis”. “Infelizmente, o sindicato não considerou seriamente nossas propostas”, afirmou, acrescentando que “neste momento, não faz sentido continuar negociando”.
Com a situação se arrastando, analistas da S&P estimam que a greve pode custar à Boeing cerca de US$ 1 bilhão por mês. A interrupção das negociações e o clamor por reivindicações mais substanciais exacerbam os desafios financeiros e de produção que a Boeing já enfrenta, após um início de ano difícil, marcado pelo incidente de um explosivo em um novo modelo de aeronave, que levantou sérias preocupações sobre os protocolos de segurança da empresa.
Recentemente, a Boeing ou por uma troca de liderança, com Kelly Ortberg assumindo o cargo de CEO em agosto. A mudança foi feita na esperança de que um acordo trabalhista pudesse ser celebrado e a reputação da empresa reparada junto a clientes e reguladores. Contudo, até o momento, esses objetivos não foram alcançados.
A Boeing está explorando opções para levantar bilhões de dólares a fim de melhorar seu balanço financeiro, incluindo a possibilidade de emitir novas ações ou títulos. A empresa também implementou licenças temporárias para milhares de funcionários, enquanto suas fábricas que produzem os modelos 737 MAX, 767 e 777 estão operando com restrições.
Segundo a S&P, a meta de aumentar a produção dos jatos 737 MAX para 38 unidades mensais não deverá ser atingida antes de meados de 2025.
Pope comentou sobre os esforços feitos durante as negociações, afirmando que a equipe da Boeing havia “negociado de boa fé” e apresentado propostas para aumentar salários e aposentadorias. Contudo, a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais discordou, alegando que a Boeing estava “empenhada em manter a oferta não negociada” que foi proposta no mês anterior.
O sindicato, que representa os trabalhadores das fábricas na Costa Oeste, busca um aumento salarial de 40% em quatro anos, além da restabelecimento de uma pensão de benefício definido que foi eliminada em um acordo anterior há uma década. Mais de 90% dos trabalhadores rejeitaram uma oferta anterior que previa um aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos antes do início da greve.
Ainda em busca de um acordo satisfatório, a Boeing tinha apresentado uma oferta melhorada no mês ado, que prometia um aumento de 30% em salários e a reintegração de um bônus de desempenho. No entanto, o sindicato declarou que uma pesquisa realizada com seus membros resultou na conclusão de que a proposta era insuficiente para atender às demandas.