
A Força Aérea da Itália realizou o primeiro voo experimental de um caça movido por uma mistura contendo até 25% de biocombustível. Os voos ocorreram em Pratica di Mare, na Itália, conforme noticiado pela Força no último dia 28 de junho. Os testes foram realizados na Divisão de Experimentação Aeronáutica e Espacial (DASAS) em um caça AMX, mesma aeronave operada pela Força Aérea Brasileira em uma gama variada de missões desde 1989.
Os ensaios foram realizados por pilotos e pessoal especializado da Força Aérea, pertencentes ao Departamento de Voo Experimental e ao Departamento de Tecnologia de Materiais Aeronáuticos e Espaciais do próprio DASAS, a jusante de uma atividade preliminar de estudo e experimentação realizada em colaboração com investigadores do ENEA e três institutos do CNR (o Instituto da Poluição Atmosférica, o Instituto Nacional de Óptica e Instituto de Ciência e Tecnologia para Energia e Mobilidade Sustentável).
A experimentação faz parte de um Acordo de Cooperação entre a Força Aérea Italiana, ENEA e CNR, lançada em 2017, graças a um empréstimo do então Ministério do Meio Ambiente e Proteção do Território e do Mar, agora Ministério da Transição Ecológica (MITE) em produção de biocombustíveis e sua utilização no campo aeronáutico, uma colaboração que permitiu atingir importantes objetivos no âmbito do projeto ABC (Aerotração com Biocombustíveis).
Esse acordo, além do estudo e atualização da regulamentação do setor, previa diversos testes de motor para verificar o desempenho do combustível fóssil misturado ao biocombustível em diferentes porcentagens (de 20% a 25%).
Também possibilitou comparar os níveis e tipos de emissões das diferentes misturas com os combustíveis fósseis tradicionais, bem como realizar inúmeros testes de compatibilidade do biocombustível puro, em diferentes concentrações, com os materiais metálicos e elastômeros de aeronaves, para excluir quaisquer problemas com o motor ou peças de plástico.

Por fim, com a contribuição do Departamento de e Técnico Operacional da DASAS, foi criado o micro-lote de mistura de biocombustível para reabastecer a aeronave AMX durante os testes. Os dois voos realizados – o primeiro com 20% de mistura e o segundo com 25% – foram planejados e conduzidos pelo Departamento Experimental de Voo, que também coletou os dados de desempenho do motor.
A ENEA realizou o estudo preliminar das matrizes vegetais que permitiu identificar a mais adequada para a produção de biocombustíveis de aviação. Além disso, trabalhou na caracterização das emissões de aeronaves no ar ambiente, juntamente com a avaliação toxicológica para a estimativa da sustentabilidade econômica.
Todas as fases de estudo e experimentação do projeto, que representa um marco no caminho para a transição ecológica no campo militar, foram realizadas de acordo com as indicações e autorizações da Direção de Armamentos Aeronáuticos e Aeronavegabilidade (DAAA) e da Secretaria-Geral da Defesa / Direção Nacional de Armamentos.
As atividades de estudo e experimentação realizadas representam uma peça de primordial importância no caminho mais amplo que a Força Aérea empreendeu e vem apoiando na pesquisa e implementação de soluções eficazes para o desempenho das tarefas institucionais em um contexto global cada vez mais sensível às questões de sustentabilidade ambiental, eficiência e segurança energética e a chamada resiliência capacitiva.
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