
A Embraer vem enfrentando intensa competição nos últimos tempos e muita coisa mudou desde o começo da pandemia e a desistência da compra da divisão de aviões comerciais pela Boeing. Durante uma entrevista à AviationWeek, Francisco Gomes Neto, CEO da companhia, foi questionado sobre sua avaliação de mercado e concorrência.
De acordo com o CEO, existiriam mais oportunidades de negócios para os jatos comerciais brasileiros se não houvesse a escassez de pilotos nos Estados Unidos. “Nunca vi tantas campanhas de vendas de E-Jets como temos hoje. Agora estamos discutindo mais de 200 aeronaves. Não vamos vender todas, mas temos boas oportunidades. Anunciamos acordos este ano com a Royal Jordanian, Scoot e SKS e estamos trabalhando em muitas outras negociações. Acredito que agora é o momento de as vendas do E2 ganharem força”.
Segundo seus planos, a Embraer pretende entregar entre 65 e 70 aeronaves este ano, número que se expandiria para 100, quando a companhia poderia deixar o ponto de equilíbrio econômico (ponto em que os custos e as receitas são iguais e, portanto, não há lucro).
Para Gomes Neto, a companhia será capaz de operar sem a necessidade de parcerias, mas poderá alavancar para outro patamar caso encontre um parceiro estrangeiro, na Índia ou na China.
“Estamos [Embraer Aviões Comerciais] no ponto de equilíbrio comercial sem serviços. Já a aviação executiva vai muito bem, com 102 entregas no ano ado e 12,5% de EBIT. Este ano estamos planejando 120-130 entregas. Acabamos de anunciar um acordo com a NetJets para [até 250] o Praetor 500″, disse.
No entanto, Gomes Neto ainda está disposto a considerar parcerias com outras empresas caso isso ajude a potencializar as vendas do E2. “Talvez haja uma parceria para montar aeronaves na China ou na Índia. Isso nos ajudaria a atingir a meta de 100 aeronaves por ano ou até mais e expandir as vendas do E2”.
De qualquer forma, o CEO da Embraer diz não querer mais um modelo de parceria como o que tinha com a Boeing. O objetivo é ter uma empresa operacionalmente autônoma. “Imagine como seria difícil ter duas empresas: liderança diferente, duas abordagens e culturas diferentes. Acho que esse modelo não é bom”.
De fato, o setor aéreo segue desafiando a resiliência da Embraer e o importante será acompanhar o desfecho de todos esses negócios citados pelo CEO.