
A American Airlines abriu uma investigação contra comissários de bordo suspeitos de vender ilegalmente escalas para destinos internacionais como Londres, Paris e Roma. A prática vinha ocorrendo de forma velada, com o uso de palavras-código para sinalizar a cobrança de valores nas trocas de voos.
De acordo com a companhia, funcionários estariam se aproveitando do sistema de escalas baseado em tempo de serviço para lucrar com a revenda de voos cobiçados. Termos aparentemente inofensivos como “cookies”, “abraços”, “beijos” e até “obrigado” vinham sendo usados em plataformas internas para indicar que havia pagamento envolvido na negociação, informou o PYOK.
A venda de escalas é proibida pelas regras da empresa, embora as trocas mútuas entre colegas sejam permitidas. Em um memorando interno enviado à tripulação, a companhia afirmou que os voos atribuídos não são propriedade pessoal e não podem ser comprados, vendidos ou intermediados. O documento também alerta que oferecer ou aceitar dinheiro, mesmo por meio de linguagem codificada, fere as normas do sistema de escalas e o código de conduta corporativo.
A investigação teve início após uma análise no sistema de trocas, que identificou indícios de transações suspeitas. Segundo a empresa, a conduta viola a integridade do processo e prejudica os critérios de antiguidade usados para a construção das escalas mensais.
O sistema da American Airlines privilegia comissários mais antigos na escolha de destinos, folgas e horários. Já os recém-contratados costumam ser designados para rotas menos desejadas ou ficam em regime de sobreaviso. A presença frequente de novatos em voos internacionais de alto prestígio levantou suspeitas entre os colegas mais experientes.
O sindicato que representa a categoria, a Association of Professional Flight Attendants, incluiu no último acordo coletivo um artigo que autoriza o uso de métricas objetivas para coibir abusos no sistema de escalas. A entidade não se opôs à iniciativa da empresa.
Comissários flagrados violando as regras podem perder o o ao sistema de seleção de voos, ando a receber escalas automáticas. Na prática, isso equivale a voltar à condição de um tripulante recém-contratado, sem poder de escolha sobre seus horários e destinos.
Leia mais: