
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo (SNTPV) faz um apelo à imprensa brasileira, que está cobrindo os problemas que estão sendo reportados na infraestrutura do controle de tráfego aéreo dos EUA, enquanto os controladores de tráfego aéreo civis do Brasil enfrentam situações semelhantes no país.
O assunto foi veiculado na grande mídia televisiva, apresentando as deficiências e desatualizações do controle aéreo estadunidense, mas nenhum paralelo foi feito em relação à condição do Brasil.
Conforme reportado em março, o SNTPV, que representa os profissionais que trabalham na estatal NAV Brasil, alertou que “os controladores de tráfego aéreo enfrentam desafios estruturais gravíssimos, lidando com equipamentos precários, instalações inadequadas e falhas sistêmicas que só não tornam a operação inviável porque esses profissionais seguem garantindo um serviço de alta qualidade, colocando sua expertise e compromisso com a segurança acima das limitações impostas pela infraestrutura deficitária.”
Alguns exemplos citados para demonstrar as adversidades no setor foram:
– APP Macaé (RJ): Opera com apenas 3 consoles funcionais, das 8 instaladas, devido à falta de manutenção. Quando chove, a água cai até mesmo sobre as posições operacionais, colocando em risco equipamentos essenciais para a operação. Apesar disso, os controladores mantêm a fluidez da movimentada malha aérea das plataformas de petróleo da Bacia de Campos.
– Torre de Ribeirão Preto (SP): Funciona há mais de 10 anos em um contêiner provisório, com vazamentos e problemas estruturais tão graves que chove na sala de descanso abaixo da torre. Mesmo assim, os profissionais garantem a segurança das operações.
– Torre de João Pessoa (PB): Construída sobre uma caixa d’água, sem saída de emergência, colocando em risco os trabalhadores. Ainda assim, a torre segue operando, graças à dedicação dos controladores.
– APP Ilhéus (BA): Com falhas constantes na recepção de rádio, um equipamento fundamental para a comunicação com os pilotos, os controladores encontram formas de contornar o problema e manter a segurança dos voos, principalmente durante o verão, quando o tráfego aéreo é intenso.
– Torre de Aracaju (SE): Além das deficiências estruturais, a situação chegou ao ponto de uma cobra ser encontrada dentro das dependências do controle, expondo o descaso com o ambiente de trabalho. Ainda assim, os controladores seguem desempenhando suas funções com excelência.
– Torre Campinas (SP): Instalações não têm isolamento completo para a chuva, que gera poças em plena torre de controle.
– Torre Guarulhos (SP): Houve queda de energia no dia 17/03/2025 e todos os equipamentos caíram por alguns instantes; não entrou o grupo gerador como previsto. Mesmo que por alguns instantes, uma falha do tipo pode desencadear problemas muito críticos.
Ainda segundo o sindicato, a precariedade se estende a muitas Dependências da NAV Brasil (DNB), que enfrentam problemas estruturais graves, como vazamentos, pisos quebrados, falhas em equipamentos meteorológicos e rádios essenciais para o serviço.