
Um ex-piloto da United Airlines, demitido após um pouso anormal que causou danos severos a um de seus antigos Boeing 767 — ao ponto de a aeronave permanecer sete meses fora de operação para reparos — está processando a companhia aérea por difamação.
Romullo Silva entrou com uma ação contra a United Airlines em um tribunal distrital de Nova Jersey, solicitando indenização de pelo menos US$ 100.000. Ele alega que a empresa fez declarações falsas à istração Federal de Aviação (FAA) após o incidente.
O processo tem origem em um caso ocorrido em 29 de julho de 2023, quando Silva comandava um Boeing 767-300 de matrícula N641UA, no voo UA702, que partiu de Newark com destino a Houston, transportando 193 ageiros.
De acordo com um relatório preliminar do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), durante o pouso, o trem de pouso dianteiro tocou a pista com uma força anormal equivalente a 1,4 g. A aeronave quicou e, apesar das tentativas de Silva de evitar outro impacto forte, o trem de pouso dianteiro colidiu novamente com a pista, agora com uma força de 1,6 g.

Após um segundo salto, o trem de pouso atingiu a pista pela terceira vez, novamente com uma força de 1,6 g. Uma inspeção realizada após o acidente revelou danos significativos na fuselagem superior, com amassados e rugas visíveis ao longo do corpo da aeronave de 33 anos, conforme relatado pelo NTSB.
Os danos foram tão graves que a United precisou retirar imediatamente o avião de operação para realizar reparos extensivos, incluindo a substituição de uma seção da fuselagem na área danificada.
Silva, que havia trabalhado anteriormente na United como comissário de bordo, tornou-se Primeiro Oficial apenas sete meses antes do acidente.
Na ação, segundo o PYOK, Silva ite que era o piloto no momento do acidente, mas sugere que o comandante foi o responsável pelo pouso anormal por não ter ativado o freio aerodinâmico. Segundo ele, a falta de ativação dos freios foi o motivo para o impacto violento do trem de pouso dianteiro com a pista.
No mesmo dia do acidente, Silva foi afastado de suas funções e só retornou ao trabalho em 30 de setembro, quando foi apresentado aos resultados de uma “investigação de segurança de voo”. Em seguida, foi submetido a um teste de habilidades em simulador.
Após quatro meses afastado e com apenas 113 horas de voo no Boeing 767, Silva enfrentou o teste sem oportunidade de praticar. Ele afirma que o avaliador foi “hostil, degradante e intimidador”, o que contribuiu para sua reprovação. Menos de duas semanas depois, seu contrato foi encerrado.
A United, segundo a ação, teria informado à FAA que Silva era o “piloto em comando” do voo UA-702, função exclusiva do comandante. Silva afirma que essa declaração falsa prejudicou seu registro na FAA, comprometendo sua empregabilidade como piloto.
O processo alega que a United fez essa declaração intencionalmente para proteger o comandante, que também estava na cabine no momento do acidente.
“A United fez essa declaração falsa em um esforço para proteger o comandante de possíveis consequências com a FAA”, afirma a denúncia. “Como resultado dessas declarações, o Sr. Silva sofreu danos graves e não consegue ser contratado por nenhuma outra companhia aérea.”
Além de uma indenização substancial, Silva exige que a United se retrate publicamente, corrigindo a alegação de que ele era o “piloto em comando” do voo UA702. Ele também solicita o reembolso de honorários advocatícios, alegando que a companhia tem sido “teimosamente litigiosa”.
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