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Russos se desentendem sobre investigação de acidente que apontou piloto despreparado para o voo

A Aeroflot e o regulador russo de aviação civil, Rosaviatsia, estão em desacordo sobre as conclusões dos investigadores sobre o pouso fatal e o incêndio que destruíram um jato Superjet 100 quase seis anos atrás.

O acidente ocorreu em 5 de maio de 2019, após uma decolagem do Aeroporto Sheremetyevo de Moscou, resultando na morte de 41 dos 78 ocupantes, incluindo um dos cinco tripulantes.

O Comitê Interestadual de Aviação da Rússia concluiu que a tripulação da Aeroflot tinha “conhecimento e habilidades insuficientes” para controlar a aeronave em “modo direto” (voo manual), que foi ativado após a aeronave ser afetada por “eletricidade atmosférica” cerca de cinco minutos após a decolagem.

Durante a aproximação de volta para a pista 24L, o mau controle de inclinação do comandante – que incluía “movimentos alternados desproporcionais” do side-stick – resultou em um pouso brusco, com a aeronave batendo no solo três vezes. Os impactos causaram falhas estruturais, rupturas de tanque e a ignição de combustíveis derramados enquanto a aeronave desacelerava.

Os investigadores atribuíram a falta de habilidade da tripulação à “ineficácia” dos programas de treinamento de pilotos aprovados para lidar com emergências, incluindo a transição para o modo direto, mesmo que esses programas atendam às regulamentações federais mínimas.

Além disso, o sistema de gestão de segurança da companhia não detectou erros no controle de inclinação durante o pouso, incluindo situações em que o piloto moveu o side-stick para frente, empurrando o nariz para baixo durante a fase de arredondamento.

O aumento significativo do estresse psicomotor do comandante, em decorrência da emergência e da degradação do controle de voo, levou-o a priorizar um pouso de emergência sem estar preparado para realizar uma manobra de arremetida, de acordo com a investigação.

A análise também destacou a falta de clareza na documentação operacional sobre as técnicas de pilotagem e a ativação de certos sistemas, incluindo os freios aerodinâmicos.

A Aeroflot apresentou uma opinião divergente, argumentando que os programas de treinamento da companhia são aprovados pela Rosaviatsia e que a documentação técnica fornecida para seu programa não contém informações detalhadas sobre a pilotagem em “modo direto”, exceto uma recomendação para “controlar suavemente” a aeronave. A Aeroflot afirmou que os riscos de controle “não suave” não estão devidamente descritos.

Além disso, a Aeroflot rebate a alegação de falha em detectar e agir sobre técnicas de pilotagem inadequadas, afirmando que três casos semelhantes foram discutidos em um grupo de trabalho em agosto de 2015.

A companhia afirmou que medidas proativas foram desenvolvidas e que o programa de treinamento em simulador foi modificado para abordar a pilotagem em modo direto. Contudo, a Aeroflot reconheceu que o “modo direto” aumenta significativamente a carga de trabalho do piloto e que essas dificuldades não podem ser completamente resolvidas, mesmo com o treinamento regular em simuladores.

A Aeroflot contestou diversos fatores que contribuíram para o acidente, no entanto, suas argumentações não convenceram o Comitê Interestadual de Aviação. Os investigadores afirmaram que a posição da companhia aérea “propõe excluir” quase todos os fatores que contribuíram para a organização das operações de voo, o funcionamento do sistema de gestão de segurança e os procedimentos operacionais padrão.

Aceitar a opinião divergente, segundo o Comitê, significaria aceitar que a tripulação conseguiu controlar a aeronave sem problemas, falhando apenas em corrigir desvios durante o pouso devido a deficiências de estabilidade não identificadas durante os testes.

O Comitê classificou essa posição como “completamente contraditória” aos fatos estabelecidos de forma objetiva, descrevendo-a como uma tentativa “defender a honra do uniforme”.

A Rosaviatsia também discorda das conclusões do Comitê, comentando sobre a ineficácia do programa de treinamento de voo aprovado para situações em que a aeronave muda para “modo direto”, argumentando que a investigação revelou problemas não no conteúdo do programa de treinamento, mas na falta de avaliação das competências necessárias do piloto para operar a aeronave com segurança.

Entretanto, o Comitê Interestadual afirmou que suas conclusões são baseadas em dados e que “dificuldades óbvias” foram observadas em pilotos realizando aproximações para pouso sob modo direto, acrescentando que a ineficácia dos programas de treinamento na área em questão é “absolutamente objetiva.”

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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