
O Sistema de Prevenção Colisão de Tráfego Aéreo (TCAS) foi acionado um dia antes do acidente aéreo que envolveu um jato CRJ e um helicóptero Black Hawk em Washington.
A quase colisão ocorreu 24 horas antes do acidente do dia 29 de janeiro, quando um Sikorsky VH-60M Black Hawk do Exército Americano colidiu com um Bombardier CRJ-700 da American Airlines, que se aproximava do Aeroporto Ronald Reagan Washington National.
Um dia antes, na noite do dia 28 de janeiro, um Embraer E175-E1 da Republic Airways operado sob a marca American Eagle, subsidiária da American Airlines, e um outro Sikorksy VH-60M Black Hawk, do mesmo esquadrão do helicóptero acidentado, o 12th Aviation Battalion, que serve para o transporte de autoridades do Pentágono, se envolveram numa quase colisão aérea.
Nesta ocasião o piloto do Embraer foi informado sobre a altitude e posição do Black Hawk ao mesmo tempo que era liberado para pouso na pista 19. Os pilotos militares são avisados da localização exata do E175 vindo para pouso, e militares solicitam manter separação visual por conta própria, enquanto os pilotos da Republic afirmam ter o VH-60 à vista.
Dados de plataformas de rastreamento compilados pelo canal VAS Aviation mostram que o E175 ou em cima do VH-60 com uma separação de 700 pés (210 metros) verticalmente. Momentos antes surgiu na cabine do Embraer um aviso do TCAS chamado de Resolution Advisory, ou Aviso de Resolução, normalmente abreviado para RA.
Após o alerta de RA, o E175 segue as instruções de desvio do TCAS e arremete, descontinuando a aproximação enquanto sobrevoava o Rio Potomac, como mostra o círculo verde na imagem abaixo obtida na plataforma de rastreamento AirNavRadar. Nesta mesma imagem é simbolizado com a Estrela de Davi, onde foi o ponto da colisão do dia seguinte (29) envolvendo o CRJ e outro Black Hawk.
O controle de voo é informado sobre a arremetida causada por RA e instrui o voo da Republic para outro pouso, que é feito com segurança. Não foi captada outra interação da torre de controle com o VH-60, que na ocasião usava o indicativo de chamada no rádio de PAT-11, ou Priority Air Transport One One. No dia seguinte, o Black Hawk que se acidentou usou o código PAT-25.
O Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é um sistema embarcado de prevenção de colisões aéreas utilizado em aeronaves comerciais e de grande porte. Ele opera independentemente do controle de tráfego aéreo, monitorando a posição de outras aeronaves equipadas com transponders e emitindo alertas para evitar possíveis colisões.
O TCAS emite dois tipos de avisos ao piloto: O primeiro é o Traffic Advisory (TA), que alerta sobre a presença de outra aeronave próxima, destacando-a no display de navegação na cabine de comando, permitindo que a tripulação tome precauções e fique atenta a uma possível aproximação perigosa. O TA, no entanto, não sugere nenhuma manobra específica para que se evite a colisão, servindo apenas de alerta para “manter os olhos abertos”.
Caso a separação entre as aeronaves continue diminuindo, o sistema pode escalar o alerta para um Resolution Advisory (RA), que fornece instruções específicas de manobra para evitar a colisão, como subir ou descer. Diferentemente do TA, o RA deve ser seguido imediatamente, pois é gerado com base em cálculos automáticos que garantem a separação segura entre as aeronaves, sendo que caso ambas as aeronaves possuam TCAS, os equipamentos trocam informações entre si e mandam RA para direções opostas, visando distanciar o máximo possível e de maneira rápida as duas aeronaves.
Em baixas altitudes (como a que o CRJ-700 da American estava no dia 29), apenas o TA é ativado em caso de aproximação de tráfego. Os RAs não são acionados por se tratar de uma faixa de altura relacionada a momentos críticos, como pouso e decolagem, onde é exigida concentração máxima dos pilotos, que normalmente focam nas referências visuais fora da cabine, e um alerta dentro da cabine pode gerar distrações.