
O abate de dois helicópteros americanos Black Hawk na Somália se tornou um dos filmes de guerra mais famosos do mundo, e agora também será uma série documental. A queda registrada em 1993 na cidade de Mogadíscio, na Somália, envolveu duas aeronaves Sikorsky UH-60 Black Hawk do Exército Americano, que apoiavam a segunda intervenção das Nações Unidas no país, para combater grupos rebeldes e estabilizar o país. 413n16
No dia 3 de outubro de 1993, como parte da Operação Serpente Gótica, militares da Força Delta, a tropa mais especializada das forças especiais americanas, se dirigiram até um bairro de Mogadíscio para capturar soldados apoiadores de Mohamed Farrah Aidid, um dos líderes da Aliança Nacional Somali (SNA), que tentava tomar o poder no país.
A chegada dos helicópteros no esconderijo rebelde foi confusa, mas ocorreu inicialmente sem problemas, porém, no momento em que a extração estava sendo preparada, os reforços tropas da SNA e apoiadores já haviam chegado no local e conseguiram atingir dois helicópteros com lança-granadas russos do tipo RPG-7.
De indicativo de chamada Super 61 e Super 64, os helicópteros foram rapidamente cercados pela população local e soldados inimigos, iniciando uma sangrenta batalha pela cidade, enquanto as tropas da Delta em solo tentavam chegar no local da queda das duas aeronaves e uma força de reação rápida (QRF) da 10ª Divisão de Montanha (a mesma que lutou junto da Força Expedicionária Brasileira na Itália em 1944) também batalhava para ultraar barricadas e emboscadas para chegar no local da operação.

Após muitas horas de conflito, as forças da ONU conseguiram evacuar os soldados feridos, mas o resultado foi trágico para os americanos: 18 soldados morreram e 84 foram gravemente feridos, sendo a maioria das unidades de elite Delta, do 75º Regimento Ranger e do 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (160th SOAR).
A perda de muitos americanos em menos de 24 horas, além da perda material (outros dois helicópteros Black Hawk foram abatidos em áreas afastadas) repercutiu de maneira muito negativa nos EUA, principalmente pelas imagens gravadas por locais de soldados americanos sendo arrastados pelas ruas de Mogadíscio. Isto fez com que o governo americano, pressionado pela população, anunciasse a saída da missão da ONU na Somália.
O “pior dia das forças especiais americanas” foi dramatizado no filme de Ridley Scott (que também dirigiu a trilogia Alien e Gladiador), chamado “Black Hawk Down“, em alusão ao nome do helicóptero abatido, e que no Brasil ganhou o nome “Falcão Negro em Perigo”, como mostra o trailer abaixo:
O filme foi lançado em 2001 e teve como produtor Jerry Bruckheimer (“CSI”, “Pearl Harbor” e “Top Gun”), sendo um sucesso imediato de bilheteria e crítica e o filme sobre helicóptero mais assistido do mundo. E, baseado neste sucesso do cinema, a Netflix irá lançar em 10 de fevereiro a série documental “Sobrevivendo ao Falcão Negro em Perigo”.
Segundo a popular plataforma de streaming, a série “conta a emocionante história real do horror e do heroísmo por trás dos eventos que inspiraram o filme de sucesso de Ridley Scott, Falcão Negro em Perigo. Este documentário combina narrativas cruas e imersivas com entrevistas em primeira pessoa de ambos os lados da Batalha de Mogadíscio, na Somália“.
O trailer da série foi divulgado ontem e mostra depoimentos de soldados da Delta, cidadãos de Mogadíscio e também ex-integrantes do grupo rebelde, com cenas do filme de Ridley Scott e novas animações que dramatizam a produção: